terça-feira, 30 de outubro de 2007

Voluntária da proteção

Já estamos cansados de saber que a violência é impiedosa e imprevisível; ela chega quando, onde, como e para quem for. De modo indelicado, ela literalmente quebra todas as barreiras e não escolhe quem irá atingir.
Também não é novidade que todos sentimos medo ao pisarmos fora de casa (ou até mesmo dentro de casa) e uma enorme falta de confiança no governo com as medidas tomadas para acabar com a violência. O pouco caso do Estado acaba nos deixando sem alternativas, e NÓS, cidadãos dignos, passamos a enfrentar o medo e a violência para nos protegermos. Ou seja, corremos risco de morte para protegermos nossas e outras vidas.
E é assim para todos. O medo que atinge as classes sociais menos favorecidas, chega da mesma maneira e intensidade às superiores.
As escolas públicas vêm sofrendo, além de muitos outros problemas, altos índices de violência. E já que ninguém, inclusive os responsáveis pela nossa segurança, se manifesta, agora são os pais que zelam pelos filhos e alunos.
Em Brasília, a dona de casa Maria do Amparo deixou de ser vítima do medo e assumiu a função voluntária de porteira do colégio público onde sua filha estuda. Para ela que passava a tarde esperando ansiosamente a filha chegar, diz que é fundamental que haja uma vigia na porta da escola, para a segurança de todos os alunos, inclusive de sua filha.
A diretora do colégio onde Amparo trabalha aprecia a gentileza da mãe, mas diz que está cobrando da Secretaria da Educação uma providência. Segundo ela, a secretaria está fazendo um remanejamento devido à carência de concursos para servidor auxiliar de educação desde 1995.
Maria do Amparo, como mãe e cidadã tomou uma providência. Nos resta saber quando é que os responsáveis (ou melhor, irresponsáveis) vão tomar as deles.

Postado por: Nathalia Molon

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